luns, 28 de xuño de 2021

Redes de transporte de energia elétrica

Continuo com o tema das elétricas. Num artigo anterior (1) escrevi desde a perspetiva do “tarifazo do 1º de junho”, as novas tarifas por tramos (a que me remito).

Neste pretendo fazer uma primeira aproximação às Redes de transporte de energia elétrica.

Em primeiro lugar, lembre-se que a Rede de transporte está composta por Alta, Média e Baixa tensão. No seu transporte há perdas, que são calculadas (economicamente) em 15% como explica este blogue. (2)

A necessária transição energética, com seu aumento na oferta e demanda de energia elétrica renovável para suprir a energia fóssil, deverá aumentar a capacidade de transporte dessas Redes.

Eduardo Bayona neste artigo em publico.es (3) oferece-nos um primeiro dado, que o “crescimento real nos próximos cinco anos da capacidade do sistema de distribuição atribuído às tecnologias verdes é de 48.663 megawatts que encarecerá em case 6.500 milhões de euros a fatura de energia que as famílias e as empresas terão de assumir.” Não é uma quantia pequena.

Mas também a surpresa é que, como diz o mesmo autor neste outro artigo (4), cruzando os dados do balanço de pedidos de conexão à Red Eléctrica Española (potência em serviço, autorizada e projetos em tramitação), e o Informe sobre a proposta de planeamento da rede de transmissão de energia elétrica para o período 2021-2026 elaborada pela CNMC (Comissão Nacional de Mercados e Competência) (5) "..." dois terços da energia projetada para geração solar e eólica carecem de espaço para transporte pela rede de alta tensão desde as áreas de geração às áreas de consumo ”.

Especificamente:

- Crescimento real nos próximos cinco anos 48.663 megawatts.

- Energia eólica e solar que já possuem todas as licenças 65.985 megawatts

- Energia eólica e solar que estão em trâmite 73.844 megawatts

Um segundo dato é, portanto, verificar a imensa especulação que existe no atual boom das energias renováveis, especialmente a eólica.

Um terceiro dato é que enfrentam-se duas maneiras de olhar para a transição energética. Como explica Sara Pizzinato, consultora especializada em energias renováveis, citada no artigo (4)o desenvolvimento de renováveis está a ser concebido a partir de grandes parques que necessitam de Rede de alta tensão, mas talvez o que é preciso fazer é promover pequenas instalações e a produção comunitária, que permite o melhor aproveitamento da Rede de baixa e média tensão”, referindo ainda que “Pode que os custos de um sistema de grandes parques e alta tensão não sejam aceitáveis, e se forem excessivos podem tornar-se noutro freio para a transição energética."

Colocando-nos no confronto estratégico entre as três soluções possíveis para a crise atual (a Reafirmação neoliberal, o Reseat do capitalismo ou a Postcapitalista) descobrimos que na Europa a Primeira semelha descartada neste momento, restando a Segunda, a de “mudar algo para que nada cambie”, ou seja, construir grandes centrais renováveis para continuar a manter o controle e o negócio dos grandes oligopólios e a Terceira, que deve apostar pela mudança do que for necessário na produção e sistema de consumo da energia (Relacionado, ver meu comentário no caso do coche elétrico e as matérias primas -que também teremos que levar em conta no caso das energias renováveis- no ponto 3 nesta entrada do facebook (6-a e 6-b)

Algum dato mais sobre a terceira proposta. Há alguns dias que houve uma grande manifestação com o lema "eólicos, así non" (7). Lembremos o ponto 5 do manifesto lido nessa marcha (8)

Fomento do aforro, a eficiencia e a autosuficiencia e soberanía enerxética, o fomento do autoconsumo, a produción á pequena escala e a xestión pública galega. A transición enerxética debe partir dun plan orientado á redución das necesidades da sociedade e medidas de xestión da demanda. Fronte á produción ilimitada, os recursos enerxéticos de Galiza deben basearse en criterios de aforro, eficiencia e autosuficiencia enerxética. Cómpre apostar por proxectos de produción e autoconsumo a pequena escala, reducindo distancias entre xeración e consumo, evitando o transporte innecesario da enerxía coas perdas que este ocasiona".

Para terminar duas notas:

1) Lembrar a clave a que me referia nesta entrada do meu blogue “Aviso a navegantes. Vem uma nova vaga de privatizações”(9) sobre a gestão dos Fundos Europeus de Reconstrução. Uns fundos que se enquadram (como indica Antón Sánchez neste artigo (10)) na linha da "consagración da colaboración público-privada, priorización de grandes proxectos que unicamente están ao alcance das grandes corporacións, e redución, para elas e só para elas, dos prazos e requisitos dos trámites ambientais e administrativo".

2) Temos que construir a Alternativa Postcapitalista (ou como quisermos chamá-la). Vou anotar a ideia (obviamente não é a única) recolhida neste informe que parte da gestão mais próxima do cidadão que defende a geração de energia a partir da base das empresas municipais de água e/ou resíduos (11) .

O que, avançando noutra problemática, léva-nos a mencionar a perda de competências e de autonomia municipais existente desde a etapa austericida da qual ainda não saímos, situação que deve ser mudada com urgência para que a administração local (esta, a dos conselhos e as deputações, ou outra mais racional de freguesias, concelhos e áreas metropolitanas) recupere a sua plena capacidade de atuação (a modo de recordatorio, lembremos o problema da água em Compostela (12), que agora (mas não antes) teria a oportunidade de tornar-se municipal e que aparece como um “ponto de partida” no plano acima mencionado.


Ligações:

(1) Artigo tarifas:

https://abieito-blog-pt-agal.blogspot.com/2021/06/a-nalise-rapida-das-novas-tarifas-da-luz.html

2) Perda de energia elétrica no transporte:

https://blog.cnmc.es/2016/02/08/las-perdidas-en-el-sistema-electrico/

(3) Previsão da evolução do preço da energia elétrica na rede pública:

https://www.publico.es/economia/precio-luz-recibo-luz-subira-pese-avance-renovables-autoconsumo.html

(4) Artigo de Eduardo Bayona em Público.es

https://www.publico.es/economia/hincha-burbuja-renovables-tercios-potencia-proyectada-no-red.html

(5) Informe da Comisión Nacional do Mercado da Competencia.

https://www.cnmc.es/sites/default/files/3538650_1.pdf

(6-a) Facebook: “3)Asumindo que queiramos facer a transición enerxética, temos que ser conscientes de que imos ter grandes dificultades. E que (descontando os negacionistas) vanse enfrontar as dúas clásicas posturas, a que quere mudar algo para que nada cambie (o capitalismo neoliberal) e a que quererá mudar o que haxa que mudar (o resto). Neste caso representados por: substituír sen máis o coche de combustíbeis fósiles polo eléctrico, ou por mudar o que faga falla do sistema de transporte). O tema merecerá unha análise máis detida, mais neste artigo de Investigación y Ciencia (e no que menciona como lectura complementaria ao final) temos algunhas claves”.

https://www.facebook.com/bieito.penela/posts/3198459266961099

(6.b) Problema das matérias-primas do coche elétrico:

https://www.investigacionyciencia.es/blogs/tecnologia/102/posts/la-contaminacin-de-los-autos-elctricos-20004?fbclid=IwAR1v2d57HKdpjUtm_Oqa9sQisINnPRCtXGufEG42JP62OqH0-fDBlMM1Hto

(7) Manifestação "eólicos, así non":

https://praza.gal/movementos-sociais/unha-gran-marcha-pide-un-cambio-no-modelo-eolico-e-masivo-sobredimensionado-e-sen-planificar

(8) Manifesto (Verdegaia)

https://www.verdegaia.org/wp/manifestacion-5-de-xuno-eolica-asi-non/

(9) Blogue "Aviso aos navegantes":

https://abieito-blog-pt-agal.blogspot.com/2021/02/aviso-navegantes-vem-uma-nova-vaga-de.html

(10) Artigo Antón Sánchez em Praza.gal

https://praza.gal/opinion/os-fondos-europeos-de-reconstrucion

(11) Solução dos concelhos:

https://www.publico.es/sociedad/empresas-municipales-agua-abren-via-local-soberanias-energeticas.html

(12) Compostela Aberta e a água

https://compostelaaberta.org/compostela-aberta-inicia-unha-campana-para-informar-a-vecinanza-do-que-nos-xogamos-co-modelo-de-xestion-da-auga/


 


Ningún comentario:

Publicar un comentario

As seguintes entradas deste blogue vão-se publicar unicamente em https://abieito-blog-gal.blogspot.com

As seguintes entradas deste blogue vão-se publicar unicamente em:  https://abieito-blog-gal.blogspot.com