sábado, 29 de maio de 2021

Sareb va a ser público.

 Teléfono de Sareb

Boas notícias. Finalmente o nosso reino (o de aqui) terá (previsivelmente) um banco público.

Claro que vai ser o Sareb (o banco malo). Mas não vamos pagar nada por el. Parece que a partir de junho já o podemos ter. Sem mais.

Claro que, de balde, o que se diz de balde também não nos sai. O banco, é bem sabido, servia de refúgio a todos aqueles "bens imobiliários" que não valiam, nem de brincadeira, o que diziam que valia (neste caso não se lhe chama mau como aos outros bancos, mas porque "não tem as qualidades que deveria ter, que não é de boa calidade ”como diz a RAGA em seu primeiro significado). Agora bem, no final de março, “a oficina estatística Eurostat decidiu incorporar a Sareb ao perímetro das contas do Estado, o que obrigou a somar 35.000 milhões de dívida pública em 2020 e mais de 10.000 milhões de déficit” (O IMV tem um orçamento anual total de 3.000 milhões) 

Ou seja, voltamos resgatar os mesmos de sempre. Pobrinhos, quanto e com quanta frequência precisam. Nós, o resto dos trabalhadores, vamos continuar agardando, mas no final: Há prioridades.

A vantagem é que, para isso, o governo terá que alterar uma lei. Uma que proibia que "em nenhum caso a participação pública no conjunto das participações diretas ou indiretas (nas sociedades de gestião de activos) pode ser igual ou superior a 50%. " (Veja o link anterior) De agora em diante, sim pudermos (ou vão mudar novamente assim que fizermos esta operação?)

Abre-se, também, o melão. O que fazer com esses “ativos” (em 2012, quando se creou, recebeu quase 200 mil ativos de nove caixas de aforros, dos quais 80% eram empréstimos a promotores e 20% imóveis)?

Comentário de: Banco malo 


mércores, 26 de maio de 2021

A Imigração "ilegal": um modelo fracassado.

 Sun rays illuminate people. Immigration of people. Blue sky with dark clouds   Ler en gal       Ler en es  

A política europeia, e mais em concreto a espanhola, sobre a imigração "ilegal" já é um modelo fracassado. Está-se tornando cada vez mais evidente.

- Um modelo fracassado porque converteu a Europa em refém de tiranos. Turquia, Líbia ou Marrocos mandam na UE, não só com a chantagem dos cartos1, que estariam melhor empregados noutra coisa, se não, ainda mais grave, condicionando severamente nossa política exterior em cenários tão importantes para nós como o Oriente Próximo ou os Países da África em geral e o Magrebe e o Saara em particular. Mesmo o ditador Erdoğan (a democracia turca está se tornando cada vez menos "democracia") permite-se ningunear á mantenta à Presidenta da Comissão Europeia, ou o ditador Mohamed, o do reino lá (e "lá" não há dúvida sobre a ditadura) pode criar um crise europeia porque um dia teve um incidente pessoal no estreito2 com a Guarda Civil (como nos conta o ex-ministro Fernández Díaz) ou porque atendemos no hospital ao Presidente da República Árabe do Saara (estado reconhecido pela União Africana3 e que forma parte dela).

- Um modelo fracassado porque a sua manutenção está-nos "obrigando" a militarizar o controlo das nossas fronteiras, mesmo com o exército4 ou, a nível europeu, com um organismo como a "Frontex"5 que é a maior "agência comum" de todos os europeus e que está cheia de denúncias6 significando, na prática, uma militarização inaceitável da nossa política exterior. (E não seria tão ou mais merecedora de termos a “maior presença europeia comum”, por exemplo, a luita contra o cambio climático, por uma sociedade não patriarcal ou para rematar com a pobreza?)

- Um modelo fracassado porque esta-se atuando com extraordinária firmeza em fronteiras pelas que nem mesmo acessam a maioria das pessoas imigrantes, nem mesmo as chamadas "ilegais", que entram principalmente por aeroportos. (Como diz Procausa7 "A imigração irregular na Espanha hoje vem principalmente da América Central e do Sul. Quase quatro em cada cinco (77%) estrangeiros sem documentos são desta região e os imigrantes irregulares já representam uma quarta parte de todos os residentes procedentes da América Latina" (Nota. Obviamente, não analiso a imigração latino-americana neste momento, apenas quero anotar que entendo que ela não deve ser "ilegalizada"). Pela contra, são as fronteiras das pessoas que fogem das guerras e da fome na África ou no Oriente Próximo, talvez aqueles que precisam de mais solidariedade, as mais e melhor "impermeabilizadas".

- Um modelo fracassado porque está propiciando que a Europa e este reino de aqui admitam como normal a existência de trabalho escravo. Focado na agricultura, os casos recentes de Odemira8 em Portugal ou de Murcia 9 e Lleida10 em Espanha são esclarecedores. O mesmo se poderia dizer da hostalaria ou da construção ou do cuidado das nossas pessoas maiores ou das pequenas (o que mereceria uma análise mais detida) que nos amossa como estamos avançando cara aí, cara ao trabalho escravo, formando um exército de reserva fortemente desprotegido que contribui “eficazmente” para piorar a situação das “nossas” pessoas trabalhadoras precárias.

- Um modelo fracassado porque a Europa precisa, já agora mas principalmente para o futuro, dos imigrantes que estão11 "Compensando o saldo vegetativo negativo, habitando em zonas rurais baleiras, detendo o envelhecimento da força laboral, encarregándose dos cuidados e mantendo as pensões." Justo essas mesmas imigrantes que estamos criminalizando (mesmo tratando-as como "ilegais", algo que as pessoas nunca podem ser, obviamente).

- Um modelo fracassado porque esta via de enfrentar o problema da migração afasta cada vez mais a Europa dos seus objetivos fundacionais12, da defesa da Dignidade do ser humano e dos Direitos humanos, na Europa ou em qualquer parte do mundo. A imigração não é o único fator nesta deriva, mas si que é muito importante.

É hora de aproveitar a petulância do rei de lá (Mohamed) para pôr ponto final à política que realizamos os súbditos do rei de aqui (Filipe) e o resto da Europa. É hora de sr valentes, de abandonar a atual política de raízes neoliberais, baseada, e vou concretizar no caso de Marrocos e do Saara, por um lado na pilhagem dos recursos naturais13 desta última nação (o Saara), principalmente as relacionadas com a pesca e os fosfatos, e por outro na venda de armas14, uma venda de armas que fazemos, por certo, a um reino, o de lá, com problemas com o daqui (lembre-se, sem entrar a valorizar aqui as razões geográficas ou históricas, Perejil, Ceuta ou Melilla) e fazer uma política séria,15 como outro elemento fundamental desta fase final do neoliberalismo na que, disque, estamos entrando16.


5Páxina oficial de Frontex:

https://frontex.europa.eu/es/

venres, 7 de maio de 2021

Eleições em Madrid, desde a Galiza.

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Madrid (leia em "madrilenho" Espanha) teve eleições. Umas eleições, conforme fôrom definidas pela direita e como acabou no final, entre a liberdade de "tomar umas cervejas" (1) ou o socialismo de cuidar da saúde numa pandemia. Uma Comunidade que sumou mais horas de bares abertos e de excesso de mortes estatísticas em relação aos anos anteriores, escolheu a primeira.

É preciso dizer também que esta eleição, com um resultado tão claro, foi facilitada por uns meios de comunicação que construírom uma realidade paralela de dados económicos e de saúde, quase sem oposição escrita. Uma realidade paralela (2) que convenceu os já convencidos (a elite madrilena) e a muitas pessoas abafadas pelos graves problemas de saúde e económicos decorrentes de uma crise terminal do sistema económico neoliberal e de uma crise sanitária, ambas as duas graves.

Uma vitória que é a vitória duma direita que tem algumas diferenças substanciais com a direita do resto do PP. Porque Madrid, como bem que nos repete Ayuso, é Espanha, não a capital da Espanha, mas a “Espanha”, a sua essência e a sua materialização à vez, o lugar ao que os melhores espanhóis conseguiram aceder, ainda que inicialmente tivessem o infortúnio de terem nascido em províncias. Graças, claro, ao capitalismo do mérito e ao centralismo ... ao centralismo também de mérito, é claro. Porque há algo melhor para ter éxito na vida, que viver em Madrid, deixar de ser de províncias, um paleto da Coruña, Jaén, Barcelona, ​Teruel ...? (¿ainda existe Teruel?) (3) Existe algo mais legal que ser da elite madrilena, essa classe social tão cheia de magníficas cópias de “assholes (1) (4) como Aguirre ou a própria Ayuso? (vamos entender a palavra como objeto de análise e debate científico sobre certas formas de ver o mundo, ver referência).

Coido que isso nos dá algumas pistas sobre a vitória do PP de Ayuso. Em primeiro lugar, é o mesmo PP que o de Casado, aquele que queria se desmarcar do abraço de urso de Vox? É o mesmo que o de Feijoo, esse que agora terá de provar que se ele não foi a Madrid não é por serem um fracassado, mas porque ... porque ... ¿Porquê? O que é que a Galiza e o PP da Galiza pintam ante o PP de Madrid-Espanha? Pergunto-mo seriamente, qual é o papel económico da Galiza, ou da região atlântica e/ou a cantábrica da península no esquema Madrid-Espanha? O que se passa, por mencionar algo, com uma energia produzida na Galiza mas consumida, mais barata, nesse "Madrid-Espanha" e sem ter de sofrer as consequências ecológicas e sociais da sua produção, e tendo a sede social da empresa produtora? Ou, para assinalar algo também importante, o que pinta a Galiza perante um PP que defende os "touros" como o máximo legado "cultural" do espírito espanhol para o mundo? (entendendo por espanhóis toda a península agás, pelo menos por agora, Portugal). Parece que como diz Ana Pontón (5) (BNG): “Cada dia fica mais evidente que Madrid não é a solução, faz parte do problema” e isso não facilita o“trabalho” a um PP galego. E algo semelhante poderia-se dizer doutros “PPs”.

Mas numa competição, quando alguém ganha, alguém perde. E quem perdeu em Madrid? Ok, todos nós sabemos, perdeu a esquerda. Claro que Podemos aumentou o número de votos e escanos. E Mas Madrid também, e ainda mais do que Podemos. E que passaria se o PSOE do "homem tranquilo" tivesse mantido os 13 escanos que tinha? Ou pelo menos tivesse obtido a metade dos escanos perdidos pelo Ciudadanos (o mesmo número maldito, 13)? A esquerda sumaría71 cadeiras, sendo 69 a maioria absoluta. A derrota é, claro, da esquerda, mas centra-se no PSOE, um PSOE que jogou justamente para "centrar-se", para ser menos de esquerdas do que já é. Um PSOE que até deixa de ser o mais votado para ser ultrapassado pela "descentrada" Mónica García, de Más Madrid.

Precisamente Mas Madrid é quase o único do bloco da esquerda que tem novas para celebrar e mostra quanto (a meu ver) a clareza importa, começa a importar: Um trabalho sério na Assembleia de Madrid, uma atitude menos radical nas formas, mas mais radical no fundo, sem medo a defender com firmeza propostas como a renda básica do mesmo jeito que a sanidade, a educação, os cuidados ... Suficientes, Universais e Incondicionais.

Porque em tempos de crise sistémica, quando todo um modelo, o neoliberalismo, está a rematar, não há equilíbrio entre mantê-lo a todo custo ou acabar com ele, não se pode defender o centrismo e a equidistância quando se tem que escolher entre os “assholes” de quem falei antes ou as pessoas normais. Se te esforças em ficar calmo, calado, em não te molhar, ninguém acreditará em ti e poucos te votarão. Pela contra, é preciso defender, sem alarde, mas com firmeza, as linhas mestras que vão na direção da mudança. Porque ou há mudança (pacífica, firme, radical no fundo) ou há barbárie. Neste momento, não há meias tintas.

Unidas Podemos também sobe, algo que provavelmente devemos agradecer ao sacrifício pessoal de Pablo Iglesias. São três escanos mais que em 2019, mas o resultado ainda é muito ruim. A consequente renúncia de Iglesias mostra uma grande coerência política e pessoal, honestidade e coragem. Chega ao seu fim uma tentativa de articular o 15M em termos de estruturas organizativas do século XX? Esperemos que Yolanda Díaz, educada nas mesmas estruturas, seja capaz de superá-las.

E, por fim, uma reflexão de Mónica García (6) “Começa a conta para trás das eleições de dentro de dous anos, começo a trabalhar esta noite”.

Porque temos que seguir buscando e alcançando soluções para os graves problemas deste sufocante, decadente e predatório sistema neoliberal.

Porque ao cambio (pacífico, firme, radical no fundo) ainda continua a ser possível e necessário.

Ligações

(1) Análisis de Ignacio Escolar, eleccións:

https://www.eldiario.es/escolar/victoria-ayuso-revoluciona-tablero-politico-nacional_132_7899800.html?mc_cid=5caee4bc12&mc_eid=63bd7c4f83

(2) Análisis de Iganicio Escolar, as mentiras de Ayuso:

(https://www.eldiario.es/escolar/mentiras-ayuso-libertad_132_7880588.html)

(3) Teruel Existe:

https://gl.wikipedia.org/wiki/Teruel_Existe

(4) Asshole: A Theory, de Aaron James

https://www.casadellibro.com/libro-assholes-a-theory/9780804171359/6793074

(5) Ana Pontón: https://twitter.com/anaponton/status/1389683765811765249?ref_src=twsrc%5Etfw

(6)Mónica García https://praza.gal/politica/o-pp-seguira-gobernando-madrid-reforzado-por-unha-contundente-vitoria-electoral

(1)Babecas, em espanhol gilipollas (como termo que define um tipo de personalidade que é objeto de estudo científico)

sábado, 1 de maio de 2021

Nota: A Justiça fai fixos a trabalhadores da Amazon

 Hoje entendo que há uma luta contra a máxima manifestação do neoliberalismo no “mercado de trabalho”, as empresas que se autoproclamam “plataformas digitais”, empresas que, em essência, administram de forma tirânica serviços que deveriam ser administrados doutro jeito e mesmo, en grande medida, publicamente (Amazón, Spotify, Google, Facebook, Windows...).

Nessas empresas acho que existem algumas batalhas de grande importância para o futuro próximo de todos nós, como vimos, por exemplo, en Nomadland (ou melhor, ler:, ou a defesa do "direito de urinar em WC":

Algumas batalhas que parece que estamos começando a dar e que, logicamente, estamos perdendo por agora. (Ver sindicato da Amazon rejeitado nos EUA)
O que está forçando alguns a se moverem, mesmo que surpreendentemente:
Por isso esta vitória em O Porriño é motivo de celebração.

As seguintes entradas deste blogue vão-se publicar unicamente em https://abieito-blog-gal.blogspot.com

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