Rematara de escrever este comentário horas antes do assassinato de Samuel. Sigo pensando que o meu “relato” descreve a realidade, pelo que o vou publicar igual. Porque, apesar de tudo que nos doam os feitos, demasiados, que seguem a passar, as coisas cambiam. A extrema direita está-nos pelejando o “relato” porque, em perspetiva histórica, estamos-lo ganhando.
Às vezes parece que o mundo não avança nada, e tampouco é certo. Certamente deveria ir mais rápido e ainda há muitos, e muito importantes, que não mudam rem, mas os que já temos alguns anos, vemos-las cambiadas. É algo que temos que saber. Vejamos:
1) As bodas religiosas, as da Igreja Católica neste reino tão católico, vão de capa caída: “Em 2000, 75,6% das uniões celebradas na Espanha eram católicas. Oito anos depois, essa percentagem já baixara ao 45,5%. A meados da ultima década caiu para 31,7% e em 2019 apenas superou o 20%. Um processo muito rápido.” Em termos históricos, uma revolução. (1)
2) O racismo segue existindo. Mas lembremos a força desse relato no século XX, em que a eugenesia chegou a ser considerada uma rama legítima da ciência. Seguem, é certo, os casos dos Estados Unidos ou do mais sangrento de Israel, e não são os únicos. Mas hoje, por exemplo, os índios canadenses (e não só os índios) estão a queimar igrejas e chimpando estátuas de rainhas (Elizabeth II ainda é sua rainha, lembremos-lo). Têm muito boas razões, dada a confirmação dos infanticídios "descobertos" agora irrefutavelmente. Mas são infanticídios cometidos ainda no século passado e que nunca poderiam ter acontecido sem a ampla cumplicidade cidadã. Hoje a cumplicidade parece que a têm as queimas e as “vandalizações" das estátuas. Um caso semelhante aconteceu tampouco há tanto na Austrália com a escandalosa "educação forzosa" de mestiços, também há menos de um século. (2)
3) LGTBI-Trans Um dato, impressionante em perspetiva histórica, sobre a derrota progressiva do relato das Sagradas identidades do masculino e do feminino (as famosas peras e maçãs). Ainda está começando, mas coido que vai seguir, apesar dos machotes (de ambos sexos) que pensem que é o fim do mundo: “Menos moços se identificam com a heterossexualidade: segundo o último CIS, 82,7% das pessoas entre 18 anos e 24 anos defínessen deste jeito; em 2016 superava o 90% ”. (3)
E o mesmo, mas começando mais tarde, acontece com o coletivo Trans: El Diario conta nessas “cinco vidas que seriam (que para outros vão ser) distintas”. (4)
4) Boy Scouts: O mundo dos relatos de há umas poucas décadas estava dividido entre bons, muito bons e ruins, muito ruins (como agora, mas creio que mais). Entre os muito bons (sem discussão) estavam os Boy Scouts. Em fim: "Os 'Boy Scouts' estadounidenses chegaram a um acordo com os grupos que representam a dezenas de milhares de homens que acusam a organização de abusos sexuais." (5)
5) Endometriose: As enfermidades típicas da mulher considerou-nas a ciência oficial, como exemplifica Freud, do único jeito que um "cientifico" que não as sofre, como ele, sabia que deveriam ser tratadas. Basicamente, "coisas de histéricas". O relato da inferioridade em todas as facetas das mulheres convertia em ninharias (para os homens) os seus problemas, especialmente quando eram "dores naturais". E ainda que pareça mentira aqui sim que queda muito, muito, que andar. A violência obstétrica, a valoração do parto ou endometriose, por exemplo: "Nesta quinta-feira o QuerENDO iniciou uma campanha nas redes sociais que baixo o título" A outra cara da endometriose? " busca dar a conhecer as vivencias das mulheres afetadas por meio de testemunhos expressados por homens. A campanha busca pôr o foco e denunciar o nesgo de género que presenta a medicina, na que as doenças que só afetam as mulheres são invisivilizadas ou relegadas. (6)
Às 20 horas concentração, também em Betanzos. Porque os relatos que custaram construir há que defende-los contra os que querem voltar aos do passado.
3.- https://www.eldiario.es/sociedad/vez-heterosexuales_1_8099782.html
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