mércores, 26 de maio de 2021

A Imigração "ilegal": um modelo fracassado.

 Sun rays illuminate people. Immigration of people. Blue sky with dark clouds   Ler en gal       Ler en es  

A política europeia, e mais em concreto a espanhola, sobre a imigração "ilegal" já é um modelo fracassado. Está-se tornando cada vez mais evidente.

- Um modelo fracassado porque converteu a Europa em refém de tiranos. Turquia, Líbia ou Marrocos mandam na UE, não só com a chantagem dos cartos1, que estariam melhor empregados noutra coisa, se não, ainda mais grave, condicionando severamente nossa política exterior em cenários tão importantes para nós como o Oriente Próximo ou os Países da África em geral e o Magrebe e o Saara em particular. Mesmo o ditador Erdoğan (a democracia turca está se tornando cada vez menos "democracia") permite-se ningunear á mantenta à Presidenta da Comissão Europeia, ou o ditador Mohamed, o do reino lá (e "lá" não há dúvida sobre a ditadura) pode criar um crise europeia porque um dia teve um incidente pessoal no estreito2 com a Guarda Civil (como nos conta o ex-ministro Fernández Díaz) ou porque atendemos no hospital ao Presidente da República Árabe do Saara (estado reconhecido pela União Africana3 e que forma parte dela).

- Um modelo fracassado porque a sua manutenção está-nos "obrigando" a militarizar o controlo das nossas fronteiras, mesmo com o exército4 ou, a nível europeu, com um organismo como a "Frontex"5 que é a maior "agência comum" de todos os europeus e que está cheia de denúncias6 significando, na prática, uma militarização inaceitável da nossa política exterior. (E não seria tão ou mais merecedora de termos a “maior presença europeia comum”, por exemplo, a luita contra o cambio climático, por uma sociedade não patriarcal ou para rematar com a pobreza?)

- Um modelo fracassado porque esta-se atuando com extraordinária firmeza em fronteiras pelas que nem mesmo acessam a maioria das pessoas imigrantes, nem mesmo as chamadas "ilegais", que entram principalmente por aeroportos. (Como diz Procausa7 "A imigração irregular na Espanha hoje vem principalmente da América Central e do Sul. Quase quatro em cada cinco (77%) estrangeiros sem documentos são desta região e os imigrantes irregulares já representam uma quarta parte de todos os residentes procedentes da América Latina" (Nota. Obviamente, não analiso a imigração latino-americana neste momento, apenas quero anotar que entendo que ela não deve ser "ilegalizada"). Pela contra, são as fronteiras das pessoas que fogem das guerras e da fome na África ou no Oriente Próximo, talvez aqueles que precisam de mais solidariedade, as mais e melhor "impermeabilizadas".

- Um modelo fracassado porque está propiciando que a Europa e este reino de aqui admitam como normal a existência de trabalho escravo. Focado na agricultura, os casos recentes de Odemira8 em Portugal ou de Murcia 9 e Lleida10 em Espanha são esclarecedores. O mesmo se poderia dizer da hostalaria ou da construção ou do cuidado das nossas pessoas maiores ou das pequenas (o que mereceria uma análise mais detida) que nos amossa como estamos avançando cara aí, cara ao trabalho escravo, formando um exército de reserva fortemente desprotegido que contribui “eficazmente” para piorar a situação das “nossas” pessoas trabalhadoras precárias.

- Um modelo fracassado porque a Europa precisa, já agora mas principalmente para o futuro, dos imigrantes que estão11 "Compensando o saldo vegetativo negativo, habitando em zonas rurais baleiras, detendo o envelhecimento da força laboral, encarregándose dos cuidados e mantendo as pensões." Justo essas mesmas imigrantes que estamos criminalizando (mesmo tratando-as como "ilegais", algo que as pessoas nunca podem ser, obviamente).

- Um modelo fracassado porque esta via de enfrentar o problema da migração afasta cada vez mais a Europa dos seus objetivos fundacionais12, da defesa da Dignidade do ser humano e dos Direitos humanos, na Europa ou em qualquer parte do mundo. A imigração não é o único fator nesta deriva, mas si que é muito importante.

É hora de aproveitar a petulância do rei de lá (Mohamed) para pôr ponto final à política que realizamos os súbditos do rei de aqui (Filipe) e o resto da Europa. É hora de sr valentes, de abandonar a atual política de raízes neoliberais, baseada, e vou concretizar no caso de Marrocos e do Saara, por um lado na pilhagem dos recursos naturais13 desta última nação (o Saara), principalmente as relacionadas com a pesca e os fosfatos, e por outro na venda de armas14, uma venda de armas que fazemos, por certo, a um reino, o de lá, com problemas com o daqui (lembre-se, sem entrar a valorizar aqui as razões geográficas ou históricas, Perejil, Ceuta ou Melilla) e fazer uma política séria,15 como outro elemento fundamental desta fase final do neoliberalismo na que, disque, estamos entrando16.


5Páxina oficial de Frontex:

https://frontex.europa.eu/es/

Ningún comentario:

Publicar un comentario

As seguintes entradas deste blogue vão-se publicar unicamente em https://abieito-blog-gal.blogspot.com

As seguintes entradas deste blogue vão-se publicar unicamente em:  https://abieito-blog-gal.blogspot.com